segunda-feira, 14 de setembro de 2009

caminho X...


em londres sobrevivi durante dias com a esperança de que voltaria ao meu país, à cidade que sempre vi como perfeita para realizar todos os meus sonhos, à aldeia que me viu crescer e tudo ficaria de novo bem, que o desespero que lá sentia iria dar lugar à paz que necessitava simplesmente para respirar naquele momento... passavam vinte e um dias do mês de agosto quando cheguei a lisboa e estive com Tinkie... parti no dia seguinte para junto daqueles em quem depositava todas as minhas esperanças para me darem a paz que já referi... cheguei junto deles e aguardei por essa paz.. não chegou... chegou antes o desespero de não a conseguir sentir nem ali, junto de todos aqueles que via como os pilares da minha vida... abracei minha mãe, chorei no seu ombro... pedi-lhe que dormisse comigo, pedido a que ela acedeu... mas nem junto de minha mãe, de meu pai, de toda a família, de todos os meus amigos essa paz se fez sentir... apenas desespero... chorei... sábado, domingo, segunda, terça e quarta dia em que tinha minha viagem de regresso a londres... se no início senti a preocupação de minha mãe comigo, a sua precupação comigo, logo percebi que afinal minha mãe que me fez esperar três anos, não havia afinal mudado tanto, repetindo a mesma atitude que havia tido vezes sem conta no passado... chorei até secarem minhas lágrimas com aqueles que vendo-me naquele estado me deram a mão e não me deixaram cair sozinho... sentia-me a cair mais a cada momento sem conseguir encontrar uma âncora para me amparar e interromper, ainda que por instantes, minha queda... se em londres o desespero era combatido pelo facto de saber que em portugal, junto dos meus, iria encontrar a paz que desejava, em portugal, junto deles sem sentir essa paz a única saída parecia ser o desejo louco de desistir, de caminhar para o fim... nunca havia estado tão próximo do abismo e a vontade de me atirar era imensa... mas não podia fazê-lo... não podia fazer outros carregarem uma cruz que não era sua, porque eu não consegui carregá-la... só num sítio encontrei alguma serenidade, junto da campa de minha avó num fim de tarde... sentei-me, chorei e aliviei por instantes minha dor... aproximava-se o momento de voltar a londres e a desilusão era tanta que não dava para me agarrar ao facto de não querer desiludir os outros e por isso ter que ir, mas sim pelo facto de saber que se não havia desistido perante todo o desespero que senti, então precisava de voltar desta feita por mim, para acabar o que tinha começado lá, para encontrar as respostas que ainda buscava... parti, não por ter sido pressionado mas sim porque havia chegado o momento de fazer algo por mim, mais não fosse recuperar aquilo que todos os medos haviam roubado de mim... não foram dias fáceis, mas foram dias necessários... havia sentido pela primeira vez o limite de minhas forças, o peso da desilusão vinda daqueles por quem me habituei a viver e por quem tantas vezes fiquei para trás... tenho de ser sincero e dizer que jamais teria coragem para enfrentar de novo o que tive de enfrentar, para sofrer o que sofri, para sentir o desespero que senti, mas o balanço foi positvo e triunfei... de londres, trouxe o significado da frase: "estamos sós com tudo aquilo que amamos"; de londres trouxe a conclusão que a paz que tantas vezes quis ir buscar nos outros não está neles, mas dentro de nós próprios; de londres trouxe a força e a garra para poder ser eu perante a vida; de londres trouxe o equilíbrio para voltar a percorrer o caminho certo da folha que representa a vida; e acima de tudo trouxe a noção de que os obstáculos têm que ser contornados em cada momento, e não evitados a todo o momento... é o fim do caminho...

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