quinta-feira, 10 de setembro de 2009

caminho IX...


no final de mais um ano, tudo continuava igual ao ponto de partida em agosto ou setembro de dois mil e seis, havia apenas aumentado o desequilíbrio, somando falhas, primeiro pessoais e depois profissionais... em junho sentia-me simplesmente a respirar, sem sonhos, sem objectivos sem vontade de travar luta alguma... no fundo havia falhado em todos os aspectos, havia desiludido os que mais amava e a mim próprio... continuar o caminho que tinha seguido nos últimos anos era dar passos largos para o abismo, que passo a passo estava cada vez mais próximo... decidi sair, isolar-me, partir e recompor-me se é que isso ainda era possível... decidi ir para Londres passar seis semanas... a desculpa foi aprender a falar e a perceber inglês, pelo menos foi essa a ideia que criei dentro de mim, e nos que estavam à minha volta... fui lutar por mim, ainda que por motivos profissionais, fui lutar por mim... ao chegar percebi que havia muitos motivos para estar ali que iam muito além do inglês e da faculdade... antes de ir uns diziam que ia fugir e que podia fazer tudo aquilo cá, outros diziam que ia desperdiçar um verão, alguns profanavam que ia ser uma experiência excelente, ao mesmo tempo que havia quem influenciasse minha ida com o objectivo de ir passar uns dias... sem muito apoio e com a ideia de que ia ser bom, que o inglês era mesmo necessário, parti rumo a londres... era o último dia do mês de julho do ano que corre, sexta feira... Tinkie havia-me pedido para se despedir de mim antes de eu partir, mas sabia o quanto vê-lo me ia custar e influenciar, tinha medo, era um risco muito grande e não podia arriscar... só quando cheguei a londres percebi o que tinha feito a mim mesmo... tinha alugado hotel para aquele fim de semana... cheguei ao hotel, a nostalgia evitada pelo stress da viagem e do chegar a uma cama para descansar, desceu sobre mim quando abri a porta daquele quarto com número seiscentos e trinta... recuperei fôlego e saí dali... voltei para o hotel depois de comer algo... quando cheguei ao quarto esperavam-me os medos dos quais fugi durante quatro anos, quem sabe até mais... chorei... desesperei... desejei que o fim de semana passasse rápido para que as aulas começassem logo logo e algo me ocupasse... nesse momento, senti que não estava em londres pelo inglês, mas sim por aquilo que era muito mais importante do que uma licenciatura na área que gosto, do que bons resultados na faculdade, mas antes por reaprender a viver, por reconquistar meus sonhos, meu ser desta vez livre dos medos que me prenderam e me tornaram dependente dos outros, tal como uma droga... os medos que sinto encontram apenas na droga um sinónimo... tornam-me dependente deles... quando algo me toca ou me faz cair então lá estou eu à procura dela, sem olhar a meios, como um toxicodependente quando fere os que mais ama pelas suas gramas de fuga... só que a minha droga são as pessoas, não estar sozinho nunca ainda que inconscientemente tivesse que magoar-me a mim e aos outros para o conseguir... ... a noite passou a custo, e foi já no sábado há noite que eu e Tinkie nos encontrámos no msn... falámos com nosso jeito, com nossas brincadeiras, partilhámos o que tínhamos para partilhar e no final Tinkie disse-me que estava longe do seu mundo para tomar uma decisão importante para o seu futuro... mudar-se para o porto... não consigo explicar ainda hoje como isso me tocou... doeu-me porque era a seguir à minha reconstrução o principal motivo de eu estar ali... como ia ser com ele longe - perguntava a mim mesmo - pedi-lhe que não fosse, que pensasse melhor, que não se precipitasse, mas aquela decisão já estava tomada, aquele tempo longe era para ele próprio se mentalizar do que precisava mentalizar-se e não para decidir o que quer que fosse... vi-me desesperado ali sem puder fazer nada e achando que tudo aquilo era insensato e injusto... logo no momento em que tudo podia mudar verdadeiramente - pensava eu... liguei a duas amigas dele e obtive exactamente essa resposta... não havia sido uma proposta da empresa, mas uma proposta de Tinkie à empresa para aquela mudança, ainda que com limites de tempo definidos... custou tudo aquilo, mas tinha que ser forte e aos poucos comecei a pensar que aquela mudança podia ser boa para nós... se por um lado eu podia aprender a viver sem Tinkie ali do meu lado para me amparar e não deixar que meus medos chegassem, por outro Tinkie longe teria que voltar a confiar em mim, para que a relação fosse possível... as saudades seriam o inconveniente da distância e ao mesmo tempo a receita para o nosso sucesso... voei de londres para lisboa onde Tinkie prometeu estar à minha espera para uma conversa que havia ficado adiada por semanas... no seiscentos e cinco, no nosso seiscentos e cinco junto com um pedido de namoro foi a proposta que fiz a Tinkie...

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