terça-feira, 1 de setembro de 2009

caminho III...


chegava a derradeira prova... sonhava há muito viver em lisboa, fazer lá minha vida, puder ter acesso à liberdade que num meio pequeno não é possível... vinham aí os exames nacionais e os medos ressurgidos poucos meses antes, começavam a dominar-me e a permitir-me quebras de princípios que anos antes, e meses antes não eram possíveis... deixei que novas pessoas entrassem, simplesmente porque tinha que me sentir apoiado para fazer os meus exames e partir rumo aquela cidade, à cidade sempre presente nos meus sonhos e projectos... nesse momento aconteceu algo pela primeira vez... se por um lado uma das coisas que me dava força para aquela luta era o facto de acreditar que só assim seria possível estar com fp, por outro lado imaginar aquela luta ou até mesmo a minha ida para lisboa sem o Tinkie, junto comigo do meu lado tudo era cinzento e confesso, inimaginável, se um era acessório ou capricho, o outro era na sua íntegra essencial... Tinkie e eu voltámos a falar por minha iniciativa julgo eu, e foi ele quem apoiou decisivamente aquela fase... venci... consegui não todo o objectivo, mas parte dele, isto é, não tive média para a faculdade que queria, mas tinha média para a segunda da minha preferência na qual entrei na segunda fase do concurso... antes de partir rumo à cidade que era já parte de mim, desta vez para ficar, fui de novo invadido por medos, anos a sonhar com aquele dia, e quando ele chegou não estava preparado nem lá perto... parti apertado e desprotegido... lembro-me de ter chegado a lisboa para ficar, na casa de um amigo de meu pai... custaram as primeiras noites, tinha medo de ficar ali sozinho e tal como meses antes, naquele momento tudo começou a ser viável para que esses medos não se concretizassem, não me invadissem... o Tinkie sempre lá para me fazer companhia... na noite antes de ir matricular-me na faculdade que entrei na primeira fase consegui fugir de meus tios, de meu primo e ir dormir com ele ao quarto dele, como nunca acontecera... adormecemos... ele estava atrasado, eu também e de metro fomos até entrecampos onde apanhamos um táxi que o deixou no trabalho e a mim no instituto superior de ciências sociais e políticas... almoçámos juntos no final da minha matrícula... foi bom tudo aquilo mas estando ele a amar-me, e eu não conseguindo naquele momento amá-lo, perguntava-me o que havia acontecido ao que sentia por ele, e porque não o sentia naquele momento, apesar de olhar para ele e não conseguir ficar longe dele, pelos medos é certo, mas acima de tudo porque era com ele, em seus braços que me sentia bem e que gostava verdadeiramente de estar... mas nada do que tinha e sentia naquele momento era suficiente para evitar todo um processo de desconhecimento próprio e autodestruição, sobre o qual só hoje mais de três anos depois consigo falar e compreender com clareza... deixei afundar muitos sonhos pelos medos e perdi a parte racional que antes se sobrepunha à emocional ajudando a acalmar meus medos, deixei de saber dizer não, cedi aos meus ideias para não viver medos, com uma única certeza, que tudo não passava de um adiamento que quando terminasse ia ser muito doloroso... não me enganei...
post script. desde os tempos do meu espacinho, retratado em postes anteriores, que vejo a vida como uma folha, tal como na imagem... a linha verde representa o rumo certo, o caminho que
de acordo com nossos princípios, crenças, sonhos e objectivos e tudo aquilo que é mais importante para nós, devemos segui... porém há momentos em que nos desviamos para a linha azul ou vermelha, e temos a noção que não é o rumo certo a seguir, ainda que possmos ir até ao fim por ele... não há ligação nenhuma entre os caminhos, o que significa que temos sempre de "voltar atrás", ou seja sofrer tanto mais quanto maior for o caminho que fizermos desviados do caminho certo... não acredito em destino algum, senão aquele que é traçado por cada um... quanto a mim, vivi os últimos anos na linha azul com medo de fazer o caminho de volta e de sentir de novo muita coisa...

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